Wednesday 6 June 2012

BRENDA LEE - September 1959

Brenda Lee nee Brenda Mae Tarpley was born in Atlanta, Georgia on 11 December 1944. Her father Reuben Lindsey Tarpley died in 1953 when Brenda was 8 years old. Her mother Annie Grace Yarbrough soon married again. 

Decca Records signed Brenda and released 'Jambalaya' in September 1956 when she was 11 years old. Even though is such a powerful record it didn't chart nationally. 'Dynamite', released on 27 May 1957 had a lot of local play and gave Brenda her sobriquet 'Miss Dynamite'.

Decca Records was represented by Companhia Brasileira de Discos that released 'Jambalaya' in the Brazilian market in February 1959. By April it had become a hit and everyone was curious about such a progedy... 

Radio Panamericana's DJ Miguel Vaccaro Netto who ran a daily column called 'Discos' at 'Ultima Hora' reported that he had read in the Metronome, an American jazz magazine, that Brenda Lee did not exist. That the Decca recording of 'Jambalaya' had been made by Louis Armstrong, with his voice being altered to sound like that of a young girl. No matter how far-fetched such a story was Miguel would repeatedly print this misguided version at his column. 

We don't know when exactly the stubborn DJ realized he had been making an arsehole of himself for weeks but he certainly changed his opinion for Brenda Lee arrived in Rio de Janeiro on 1st September 1959 to be received by Brazil's President Juscelino Kubitschek himself in his office at Palacio do Catete. 

Brenda Lee performed for a week at Teatro Record in São Paulo, owned by the same TV station that employed DJ Miguel Vaccaro, the man who had denied the existence of the very girl he would introduce at his live radio show on Radio Panamericana's auditorim on Rua Riachuelo. 

Brenda Lee hold two typical dolls from Bahia on the cover of Manchete, illustrated magazine. 

Em Abril 1959, seis mêses antes da vinda de Brenda Lee ao Brasil, Miguel Vaccaro Netto, radialista da Radio Panamericana e jornalista articulista do jornal 'Ultima Hora' meteu-se numa encrenca ao afirmar que Brenda Lee não existia. Fêz uma campanha que se mostrou ridícula, onde não mediu esforços para denegrir Walter Silva e outras pessoas mais sensatas que ele.

Não se sabe, exatamente, quando Vaccaro se convenceu que Brenda Lee 'existia'. Não se retratou publicamente pelas mentiras que inventou e continuou como se nada tivesse acontecido.  Aí vão as chamadas que Vaccaro fazia em suas colunas:  

2 ABR 1959 – 5a. – A menina BRENDA LEE não existe!   O cronista e disc-jockey Miguel Vaccaro Netto dá um “furo” em sua coluna afirmando que Brenda Lee não existe:  Lendo a revista norte-americana“Metronome" deparei com comentário de que Brenda Lee não existe. Tudo não passa de um truque bem feito pelos tecnicos da Decca Records. Colocando-se a gravação 78 r.p.m. em 45 r.p.m. ouve-se uma voz grossa e que [de acordo com a citação do comentário] é a original; aliás,cantor com o mesmo timbre vocal de Louis Armstrong. Assim muito bem“bolada” a “aparição” da menininha de 9 anos, que, na verdade não existe. Esses americanos são capazes de fazer o Capeta gravar,contanto que vendam discos.

6 ABR 1959 – 2a. – Brenda Lee NÃO existe:  farsa bem feita para vender discos.  MVN continua a bater na tecla de Brenda Lee é uma farsa.  Diz que 'Jambalaya , lançada pela Decca em Fevereiro de 1959 já tinha sido gravada antes pelo autor Hank Williams. Tudo com chamada na 1a. página e matéria de página inteira no tablóide UH.

9 ABR 1959 – 5a. – Brenda Lee, garôta-fantasma!  Miguel Vaccaro Netto ataca Walter Silva, disc-jockey da radio Bandeirantes PRH 9, que [provavelmente] o desafiou a provar que Brenda Lee é “fantasma” realmente.  Vaccaro insulta o “Pica-pau” o quanto pode, chamando-o de “menino de calças-compridas”; “mero divulgador de gravadora” que se tornou disc-jockey sem talento;  dizendo que aqueles que tem nome de Silva deveriam de envergonhar dele e no final revelando o nome do atacado: “walter”, com letra minúscula.


Brenda Lee no Rio & São Paulo - Setembro 1959    

reportagens do jornal paulista 'Ultima Hora'

1º  SETEMBRO 1959 – 3a. – Brenda Lee amanhã no Rio!  Vai visitar J.K.   

Em São Paulo estréia o grande sucesso da musica italiana Domenico Modugno. Jacinto de Thormes comenta em sua coluna:  Domenico Modugno:  o homem chegou, estreou ontem e dele ou sobre ele pode se dizer que na aparência -  modos, maneira de se vestir e de falar – é o que se pode chamar de um simpático cafajeste.  Marlene Dietrich é sua grande fã. Conheceram-se e ficaram amigos na Argentina e viajaram juntos a São Paulo.

2 SETEMBRO 1959 – 4a. – Domenico Modugno – a sensação mundial - estréia hoje as 21 horas no Teatro Record.  Na 1ª parte:  “Folias 1959” – show musicado produzido por Abelardo Figueiredo e estrelado por Otelo Zeloni.

3 SETEMBRO 1959 – 5a. – Brenda Lee desde ontem no Rio:  cantarolou “Aquarela do Brasil” -  Brenda Lee chegou as 14:00 (3 horas de atraso) com sua mãe, Grayce Tarpley e seu empresário Dub Allbritten. Vestia costume azul.  Brenda tem 14 anos e está cursando o 9th grade – correspondendo ao nosso 3º ginasial – na Madison High School, no Tennessee. Foi recebida no Aeroporto do Galeão, por uma banda infantil. Foto mostra Brenda ao lado de meninas aparentando entre 8 e 12 anos... a própria Brenda aparentando entre 10 e 12 anos.

No Cine Metro passa a comédia “Tunel do Amor” (Tunnel of love) com Doris Day e Richard Widmark;  no Cine Paisandú passa “A ponte do Rio Kwai”, com Alec Guinness.

4  SETEMBRO 1959 – 6a. – Celly Campello vendeu 90 mil discos de “Estúpido Cupido – informação do sr. Osvaldo Gurzoni, gerente geral de vendas da Odeon, prometendo ultrapassar “Little darling” [Lana Bittencourt] que atingiu a cifra de 150.000.  Ontem a fábrica de discos lançou o 1o longa-duração de Celly, tendo esse o mesmo nome: “Estúpido Cupido”.

7 SETEMBRO 1959 – 2a. – Jambalaya é agora nome de leão marinho! Brenda Lee estréia no Rio: J.K. beija a menina-prodígio!  Aparece foto de Juscelino Kubitschek beijando Brenda Lee - Estreou na Radio Nacional, batizou o leão marinho do zoo e passeou na montanha russa da Quinta da Boa Vista.

5 SETEMBRO 1959- sab. -  Brenda Lee foi levada pelo sr. Frederico G. Mello, ao Palácio das Laranjeiras, onde durante 10 minutos teve a oportunidade de conversar com Juscelino Kubitschek.  Brasília e as filhas Marcia e Maristela foram os temas da conversa.  De lá Brenda compareceu ao zoológico da Quinta da Boa Vista, a fim de batizar o leão marinho capturado no Estado do Rio e doado ao zoo carioca pelo governador Roberto Silveira.  Uma placa com os dizeres: “Jambalaya, batizado por Brenda Lee”  foi inaugurada pela menina, que confessou não simpatizar muito com o leão-marinho, seu afilhado:  “Ele não tem bom aspécto, e parece ser muito feróz”, disse Brenda a uma das filhas do sr. Frederico G. Mello, com quem está fazendo grande amizade.

Por insistência dos fotógrafos, Brenda Lee foi levada à montanha russa para tirar fotografias.  Na saída, Brenda, revelando grande responsabilidade profissional, olhava insistentemente o relógio, indicando que já eram 13:30 e que tinha um programa de rádio as 14 horas.  De lá foram direto à Radio Nacional e compareceu ao Programa Cesar de Alencar, quando fêz sua estréia.  Ovacionada por grande público, Brenda cantou apenas 4 números.  Em Inglês péssimo, Cesar obteve de Brenda a informação de que está decepcionada com o Curador de Menores do Rio, que a proibiu de cantar na boite Fred’s. Trocou um ramalhete de flores por um beijo do ator-mirim Marinho, principal personagem do filme nacional “Maria 38”.

Eliana & Marinho em 'Maria 38'

10 SETEMBRO 1959 – 5a. – Brenda Lee chega hoje em São Paulo.  Vai cantar só de dia – contràriamente ao que se divulgou, a garôta norte-americana não cantará em boite, pois o Juizado de Menores de S.Paulo não autorizou sua exibição.  Iria cantar no Fasano. O sr. Rogero Fasano, proprietário daquela casa, disse que Brenda não iria cantar em seu restaurante.

Quinta-feira - Espetáculo popular de despedida de DOMENICO MODUGNO no CINE UNIVERSO – Av.  Celso Garcia, 378, na Penha – A preços populares.  Show musicado produzido por Abelardo Figueiredo na 1ª parte.

Brenda Lee sings at Teatro Record from Thursday, 10 through to 16 September 1959.

Brenda Lee no Teatro Record todas as noites, gentileza do Baton Branco Matiz Tangee:

10 SET – Quinta         21:00
11 SET – Sexta          21:00
12 SET – Sábado         vesperal as 16:00 – soirèe as 21:00
13 SET – Domingo        vesperal as 16:00 – soirèe as 21:00
14 SET – Segunda        21:00
15 SET – Terça          21:00
16 SET – Quarta         vesperal as 16:00 – soirèe as 21:00

11 SETEMBRO 1959 – 6a. – Brenda Lee desapontada por não cantar à noite [1ª página] – Brenda Lee em São Paulo [3ª página] – Brenda Lee estreou ontem no Teatro Record:  “Estou um pouco desapontada por não poder cantar em clubes noturnos no Brasil.”  Acrescentou a pequena cantora na entrevista coletiva concedida em seus aposentos no Claridge Hotel, que havia cantado à noite em cassinos norte-americanos e no Olympia de Paris, e que sua carreira havia começado aos 10 anos no “Flamingo” de Las Vegas.  1 metro e meio, olhos vivos e sorriso pequeno, não parece influenciada pelo enorme sucesso que alcançou no mundo inteiro.

UM POUCO DISTRAIDA:  Brenda Lee parece, antes de tudo, um pouco alheia à onda que se faz ao seu redor.  Obrigava o reporter a repetir as perguntas as vezes, como se não as tivesse escutado. Diz que não está cansada – queria conhecer muitos outros lugares e quanto a cantar, não a cansa em absoluto:  pelo contrário, a descansa.

Na coluna diária de Miguel Vaccaro Netto:  Finalmente, diante de um público – composto em sua quase totalidade por brotos – que lotava todas as dependências do Teatro Record, estreou Brenda Lee. O que me impressionou foi a classe e a desenvoltura da garota diante das cameras e do público.  Antecedendo a apresentação de Brenda, foram focalizados números de  rock’n’roll, chefiados por Renato Corte-Real, em um show divertido.  E foram aplaudidíssimos o conjunto The Avalons, Regiane [por cuja voz, Brenda muito se  interessou] e Antonio Claudio e seu conjunto Jester Tigers, mostrando que “santo de casa faz milagres”.

14 SETEMBRO 1959 – 2a. – Brenda Lee visita o programa “Disque-disco” da Radio Panamericana, comandado pelo D.J. Miguel Vaccaro Netto, a partir das 15 horas.  No auditório da Pan comprimiam-se 400 pessoas, todos estudantes.  Brenda ficou em destaque por 1 hora e meia e disse entre outras coisas: “Comecei a cantar com 6 anos.  Apenas eu trabalho no meio artístico na minha família.  Não leio musica, mas toco piano de ouvido.  Entre as músicas que gravei, as que mais gosto de cantar são “Pennies from heaven” e “Jambalaya”. O dinheiro que ganho é controlado pela Lei Jackie Coogan, nos Estados Unidos. Tudo vai para uma conta bancária para eu poder usufruir depois de completar 21anos.”  Disse que sua maior tristeza foi quando seu pai morreu, ha não muito tempo atrás.  Conhece muitos países, entre os quais Itália, França e Suiça.  Nasceu em 12 de Dezembro de 1944. Sobre seus gostos particulares, confessou ser fã de Paul Anka, secundado por Bobby Darin.  Finalmente disse que detesta cenouras e onde existir uma costeleta de porco, ela estará lá também.  Sem querer, desmentiu a Decca Records ao dizer que gravou “Jambalaya” com 12 anos e meio – ao invés de 9 anos, como afirma a gravadora americana.  A Decca quer processar esse cronista – e agora eu pergunto:  que resposta tem para isso?


Miss Dynamite se hospeda no Claridge Hotel na Praça da Bandeira em São Paulo.
Celly & Tony Campello visitam Brenda Lee em São Paulo em 1959.
Brenda Lee gets a teddy-bear at Miguel Vaccaro's radio show in S.Paulo.
Miss Lee & Dub Allbritten, her manager at an interview at Radio Panamericana. The old man in the back is DJ Miguel Vaccaro's father. 
DJ Miguel Vaccaro wears thick glasses, Atilio Riccó in the background, Brenda Lee & Dub Allbritten at Radio Panamericana.
Brazilian teenager singer Regiane & Brenda Lee being fondly watched by Miguel Vaccaro's father & Brenda's manager at Radio Panamericana in São Paulo.
Brenda Lee & Afonso Soares aka Alf who was DJ Miguel Vaccaro's factotum.


A PASSAGEM DE  BRENDA LEE  NO  RIO 

DE ACORDO COM A “REVISTA DO RADIO”  1959

10 OUTUBRO 1959  -  Pergunta da semana:  Valeu a pena o desquite?  A Revista pergunta aos vários artistas que já se desquitaram, se valeu ou não.  A maioria diz que sim, valeu!  E   lamentam que não exista o divórcio em nosso país, pois gostariam de casar-se novamente.

Brenda Lee aparece em reportagem sobre sua estada no Rio de Janeiro. Brenda, com 15 anos de idade [nasceu na Georgia em 4 de Dezembro de 1944],  diz que quer ser médica.  Diz não tocar nenhum instrumento e que nunca soube ler musica.  A “garota atômica” andou descalça pelas areias de Copacabana. [Duro seria ter andado de sapatos!]  RR ainda diz que Brenda gravou “Jambalaya” com 9 anos; é bonita, sardenta e tímida.  Foi proibida, pelo Juizado de Menores, de cantar na boite Fred’s.  Seu padrasto-empresário achou uma idiotice, pois disse que Brenda já havia cantado em varios “night clubs” de Las Vegas, a capital do jogo dos EUA.  

A seguir, a crítica da RR [sempre publicada na ultima pagina]  sobre a apresentação de Brenda Lee na TV.

BRENDA LEE na TV TUPI 

Decepcionante a apresentação de Brenda Lee no Canal 6.  Esperava-se algo sensacional, e o que se viu foi uma garota tímida, entrevistada por um professor-de-inglês metido a engraçado, e um acompanhamento musical doloroso.  Com as perguntas e trejeitos estapafúrdios do entrevistador, Brenda pareceu assustada, e ainda mais nervosa quando notou que a Orquestra resolveu fazer das suas.  

O resultado foi um programa aborrecido do princípio ao fim.  Até mesmo quando a garôta norte-americana resolveu salvar o debacle, cantando seu medonhoJambalaya”.  O desastre foi completo, com a direção de TV perdida, e  “closes” e “long shots” inoportunos.  Falta de ensaio? Falta de músicos?  O telespectador é que não tem culpa e não resiste a tentação, nessas horas, de girar o dial de seu receptor.

N.B.:  Como se vê, o crítico da RR não poupou a apresentação da “garota explosiva”. O máximo da falta de sensibilidade é taxar “Jambalaya” de “medonha”... sabendo-se que a música chegou ao 1º Lugar da Parada da própria Revista do Radio em 20 Junho 1959, o que vem demonstrar que o articulista não tem o mínimo de respeito aos milhares de compradores de discos.  Mostra uma pequenês mental e ranço da parte do articulista e do corpo editorial do hebdomadário musical.

Brenda encontra a realeza do rock nacional: Celly & Tony Campello.

reportagem da Revista do Rádio sobre Brenda Lee.




manager Dub Allbritten (far left), Brenda's mother (Grayce Tarpley) & unidentified men in 1956 when Allbritten secured his role as Lee's personal manager.






Photos taken of Brenda Lee and her mother in June 1956, when they went to an Atlanta Court to sign papers that authorized Dub Allbritten to be Brenda's personal manager. The other gentlemen must be lawyers & solicitors for they followed the whole process of signing and pledging. Miss Lee was only 11 years old then. Soon after that Brenda signed with Decca Records which recorded and released 'Jambalaya', her first disc in September 1956. 

4 comments:

  1. This comment has been removed by the author.

    ReplyDelete
  2. Grato pelo registro do meu encontro com Brenda Lee trocando um ramalhete de flores por um beijo sob os olhares de Cesar de Alencar e do Maestro Chiquinho ao fundo... Inesquecível.

    ReplyDelete
    Replies
    1. Olá Mario, obrigado pela informação... vou colocar seu Nome lá... como tb. o do Maestro Chiquinho. Gostaria de saber a sua FUNÇÃO nessa apresentação. Você era da gravadora? Do esquema do Vaccaro? Enfim, gostaria de 1 pouquinho mais de informação...

      Delete
    2. Na verdade, vendo a legenda, eu pensei que Você fosse o Empresário de Miss Brenda Lee... espero resposta sua. Obrigado.

      Delete