Sunday 24 June 2012

RITA PAVONE June 1964 - April 1965

Italian rock sensation Rita Pavone visited South America twice in the 1960s. Her first tour in June 1964 was nothing short of spetacular. Since rock'n'roll inception Brazilians had seen the likes of Neil Sedaka, Paul Anka and Brenda Lee but nothing compered with the full breathtaking energy of diminutive Rita Pavone could impart with her singing and dancing. Pavone had a pair of powerful lungs and belted out songs Brazilians could understand - if not entirely at least half of their meaning. Differently than Anglo-Saxon acts, Rita sang in Italian which is a Latin language related to Portuguese. Besides, Pavone was cheeky and played with the audience, something Anglos wouldn't dare due to cultural differences.

On top of everything, Pavone arrived in Brazil when 'Datemi un martello', her rock rendition of  Pete Seegers 'If I had a hammer', an American folk tune, was topping the charts and played on the radio 24 hours a day. She was at the right place at the right time. 

Rita Pavone encontra Palito Ortega, o Rei do Rock da Argentina em 1964.
A chegada de Pavone no Aeroporto de Viracopos foi tumultuada com a imprensa em pêso esperando o Vulcão Italiano que estava em 1o. lugar absoluto com 'Datemi un martello'.

19 Junho 1964 - sexta Rita Pavone chega ao Aeroporto de Viracopos em vôo de Buenos Aires, onde cumpriu uma semana de shows na TV e no Teatro Opera da Calle Corrientes.

20 Junho 1964 - sábado - Rita se apresenta no programa 'Reino da Juventude', acompanhada por The Clevers.

21 Junho 1964 - domingo - Programa 'Reino da Juventude' é exibido às 15:00 na TV Record, Canal 7, alertando os jovens paulistas que Rita Pavone tinha chegado e era 'quente'.

22 Junho 1964 - segunda - Rita Pavone, seu pianista Stelvio Cipriani, a Orquestra do Teatro Record e o conjunto de rock The Clevers ensaiam no Teatro Record.
programa distribuído no Teatro Record em Junho 1964.

23 Junho 1964 - 3ª feira - Rita apresenta-se no Teatro Record, às 21:00, acompanhada por The Clevers e Orquestra. Repertório: Che m'importa del mondo / Alla mia età / Ti vorrei parlare / Come te non c'è nessuno / Quando sogno / Pel di carota / Non è facile avere 18 anni / Scrivi! / La partita di pallone / Sul cucuzzolo / Datemi un martello / Cuore.

As apresentações de Rita Pavone no Teatro Record de São Paulo foram sensacionais.

24 Junho 1964 - 4ª feira - Rita in concert às 17:00 e 21:00, no Teatro Record.

Rita & The Clevers: Manito no saxofone, Netinho na bateria, Risonho (atrás de Rita), Mingo e Nêno, no baixo.

25 Junho 1964 - 5ª feira - Rita e The Clevers voam p'ro Rio de Janeiro e se apresentam num palco armado pela TV Rio em frente de seu prédio na Avenida Atlântica. Erasmo Carlos conta em sua biografia que ele cantava no palco justo a hora que Rita chegava... estava uma chuva fina e o público começou a aplaudir. Erasmo pensou por um momento que era para ele, mas percebeu que era a italianinha que era o alvo da comoção. Mais tarde, Rita se apresenta 'in concert' em programa especial na TV-Rio. Nessa mesma noite, em São Paulo, a TV Record transmite o vídeo-tape do show do dia 23. A transmissão é um sucesso total!
Rita Pavone no show da Avenida Atlântica no Rio de Janeiro em 25 June 1964.
Rita Pavone no palco da TV Rio, Canal 13, Rio de Janeiro em 25 June 1964.

Trecho do livro 'Minha fama de mau', de Erasmo Carlos, lançado pela Editora Objetiva em 2009. 
  
Nele, Erasmo conta sobre um show impromptu que foi organizado por Carlos Imperial para saudar a passagem de Rita Pavone pelo Rio de Janeiro no dia 25 Junho 1964

A chuva atrapalhou o show que Carlos Imperial organizou em frente à TV Rio, Canal 13, em Copacabana, para badalar a ida de Rita Pavone à emissora, em 1964. A ideia era, no dia da apresentação da cantora na TV, reunir uma multidão na rua, parando a cidade e impressionando os jornais. Um evento dispensável, afinal a cantora-fenômeno já era mais que badalada por si só. Não se falava de outra coisa. No rádio, nas festinhas e nos bailes, seus sucessos 'Datemi un martello' e 'Cuore' tocavam mais que 'Parabéns a você'. Seus clones se multiplicavam – cabelos curtos, botinhas, camisa branca de mangas compridas, calça preta e o indefectível suspensório.

Mas, como a cúpula da TV Rio pediu que Imperial se virasse para fazer algo que chamasse mais a atenção para Rita, ele correu atrás. Eu estava de bobeira em minha casa na Tijuca quando o telefone tocou. Era ele, gritando:

- Figura, larga o que estiver fazendo e vem para a TV Rio agora! Telefona para quem você puder e manda todo mundo vir para cá para um grande show. Simonal e Marcos Moran já estão comigo.

Liguei para alguns amigos e saí a jato. Quando cheguei à emissora, logo ao saltar do táxi, já fui envolvido pela multidão. Imperial, nervoso, dava ordens aos berros, tentando organizar a bagunça. Aos poucos, os artistas foram chegando: Cleide Alves, Golden Boys, Trio Esperança, Roberto Rei (versionista da 'História de um homem mau', sucesso com Roberto Carlos), Hamilton, Jerry Adriani, Selmita, Maritza Fabiani, Tony Checker [futuro Tony Tornado] e Gerson Combo, entre outros.

O cast foi se encorpando, a aparelhagem foi ligada, a câmera colocada num lugar estratégico e, exatamente às 18h, começou o show no palco armado em frente à TV Rio. Enquanto a apresentação rolava, as pessoas que passavam por ali paravam curiosas para ver o burburinho, sem a mínima noção do que se tratava – como tudo foi feito na pressa, não havia cartazes pela cidade ou anúncios nas rádios. Com o acúmulo de gente, o trânsito também parou e começou o buzinaço. Em pouco tempo, o Posto 6, em Copacabana, já abrigava uma multidão.

Como tudo foi improvisado e a transmissão era ao vivo, às vezes entravam os comerciais com alguém ainda cantando e, quando voltava a aparecer o palco, a música já tinha acabado.

Uma chuva fininha começou a cair, causando certa apreensão. Mas mesmo com a garoa e sem a presença de muitos artistas, que estavam fora do Rio ou não foram encontrados, Imperial se saía bem. Apresentava os que chegavam, entrevistava o povão e convocava as pessoas para imitar o 'swim', a dança característica da Rita.

Na minha hora de cantar, não fiz por menos e entrei todo pimpão quando a banda atacou 'Terror dos namorados'. A emoção de quem está lançando uma música nova tomou conta de mim. Vibrava a cada compasso e a cada virada de bateria. Na parte da música em que a banda para, deixando soar os acordes para eu cantar “eu beijo, beijo, beijo, beijo, beijo, beijo, beijo, beijo, beijo...”, o público foi à loucura, gritando sem parar. Confesso que me surpreendi com a reação e pensei comigo: “Caramba, estou agradando em cheio. O povo está gostando! Vou dar mais de mim.” 

E dei. A visão dos pingos da chuva caindo sobre o facho de luz dos refletores, em contraste com o escuro do céu, tornava aquela demonstração de carinho emocionante para um iniciante como eu. A galera continuou pulando e me ovacionando cada vez mais. Agora também de braços erguidos, me saudando calorosamente.

De repente, caí do meu deslumbramento e despertei daquele sonho. Notei que os olhares, os aplausos e os acenos não eram para mim. E sim para alguém que estava no terraço da emissora. Virei meu pescoço num gesto brusco, olhei para o alto e vi, cercada pelo seu staff, a figura mignon de Rita Pavone, sorrindo e mandando beijinhos para a multidão ensandecida.

Anos mais tarde, já famoso, a encontrei num show de Jorge Ben numa boate em São Paulo. Brinquei com ela:

-  Você lembra de mim naquele show de 1964, na porta da TV no Rio de Janeiro?

Após sua negativa, respondi:

-  Eu era um pingo da chuva que molhou você. 

Erasmo Carlos.

para saber mais sobre o cantor Hamilton, incluído no show em frente da TV Rio no dia 25 Junho 1964:
http://laplayamusic.blogspot.com.br/2012/02/hamilton-agora-sou-feliz-1967.html

26  Junho 1964 - 6ª feira - Rita & Clevers se apresentam às 21:00, no Teatro Record; à meia-noite apresenta-se no Clube Átlético Monte Líbano.
Rita Pavone diverte a juventude no Clube Atlético Monte Líbano na 6a. feira, 26 Junho 1964, depois da meia-noite.

27 Junho 1964 - sábado - Rita in concert às 17:00 e 21:00, no Teatro Record.

28 Junho  1964 - domingo - Rita in concert às 17:00 e 21:00, no Teatro Record.

29 Junho 1964 - 2ª feira  - Rita, la mamma, Teddy Reno e Stelvio Cipriani, o pianista voam p'ro Rio e de lá tomam avião da Alitalia,  fazendo uma parada no aeroporto internacional da IIha  do Sol, no arquipélado de Cabo Verde, lna costa africana, onde, enquanto la mamma joga cartas com o Stelvio, Teddy Reno dá o primeiro beijo na menina-cantora e fazem planos para um futuro casamento, que se concretizaria quatro anos depois, em 1968.
Antonio Aguillar, o DJ que saia até em capa de LP que o próprio produziu para a Continental.
Rita no palco do Teatro Record acompanhada por  Stelvio Cipriani ao piano, The Clevers e a orquestra inteira da Record.

Rita Pavone no programa 'Reino da Juventude', de Antonio Aguillar

Antonio Aguillar, fotógrafo do jornal Estadão, tornou-se DJ e animador de programa- de-auditório na Radio Nacional de S.Paulo. Seu programa principal era o 'Ritmos para a Juventude', aos sábados das 15:00 as 18:00, onde conjuntos instrumentais à base de guitarras elétricas e bateria se apresentavam. Foi lá que Jet Blacks, Jordans, Clevers e outros se formaram entre 1962 e 1963. Logo a Organização Victor Costa leva o programa para a TV Paulista.

A TV Excelsior vendo que havia futuro alí, contrata Aguillar que passa a apresentar seu programa de rock com o nome de 'Featival da Juventude', no Canal 9.

Em abril de 1964, a TV Record 'rouba' o Aguillar para o Canal 7 e lhe dá 'carta branca' para fazer o 'Reino da Juventude' da maneira que quisesse, apresentando-o no Teatro Record aos sábados, sendo o video-tape do programa exibido no domingo de tarde.

Nesse meio tempo, Rita Pavone, a maior sensação do rock chega ao Brasil para se apresentar 'in concert'  no Teatro Record durante uma semana.

Quando Aguillar soube da chegada de Pavone, perguntou à Paulinho Machado de Carvalho, o homem que o havia tirado da TV Excelsior e lhe prometido 'carta branca', se era possível que ela se apresentasse no 'Reino da Juventude'. Paulinho confabulou com o empresário de Rita. 

Teddy Reno, que não é bobo, concordou com a participação da Pintadinha no programa de TV, porque sabia que seria um grande chamativo para a semana vindoura, quando Rita teria que encher o Teatro Record duas vezes ao dia. Só que o Teddy frisou que Rita não cantaria no 'Reino', pois não fazia parte do contrato.

'Tudo bem', disse o Aguillar. Só que quando la Pavone entrou no palco e a multidão se alvoroçou, The Clevers começaram a tocar o 'Datemi un martello', que é uma progressão harmônica facílima, C Am Dm F G... quem toca o mínimo de violão sabe como é 'canja'. O público ficou louco com a figura da Rita, essa pegou o microfone e começou a cantar 'Datemi un martello'... e foi sucesso total, exibido na tarde de domingo pela TV Record em video-tape.

Entre o sábado e a 2a. feira, tudo já tinha sido arranjado entre o Paulo Machado,  Aguillar e o Ferruccio Ricordi. A TV Record não pagaria The Clevers, pois ja tinha pago muito pela italianinha. Ferrucicio Ricordi não abria a mão nem p'ra dizer bom dia. Então o Aguillar, que queria de qualquer jeito promover The Clevers, veio com a ideia de pedir autorização a Mr. Reno se ele, Aguillar, poderia 'plantar' a notícia de um romance entre a rockeira italiana e Netinho, o baterista dos Clevers. O Reno não viu nada de errado e aprovou a idéia. Só que ele nunca pensou que a notícia cruzaria o Atlântico e o aborreceria profundamente, já que ele tinha 'planos' outros para Rita.

Rita Pavone e The Clevers ensaiaram o show na 2a.feira e estrearam na 3a. com o maior sucesso possível. O tipo brincalhão tanto de Rita como dos Clevers se casaram de uma maneira incrível. Se o cineasta Richard Lester estivesse por perto, poderia muito bem ter realizado uma sequencia de  'A hard day's night' com Pavone & The Clevers, tal a sincronia entre eles. 
Netinho ensina os rudimentos de bateria para Rita Pavone, num romance que cresceu na imaginação popular e nas páginas dos jornais tanto daqui como os do outro lado do Atlântico.
Netinho telefona para sua amada... Na verdade, Teddy Reno, mais do que depressa, tratou de dar uns beijos na mocinha logo que pousaram na Ilha do Sal, no Cabo Verde, na rota para Roma... e acabou-se o que teria sido doce. O empresário e a rockeira tiveram um namoro secreto de quase 4 anos, até ela conseguir a maioridade e não ter problemas legais para um eventual casamento.

2ª Tournee  -   1 9 6 5

A volta de Rita Pavone em Abril 1965, foi um anti-clímax comparando-se com o que tinha sido sua temporada vitoriosa de 1964. Rita estava visivelmente cansada, devido aos inúmeros compromissos que tivera no ultimo ano: tournee extensiva pela Itália durante o verão de 1964, acompanhada por The Clevers;  gravação de 8 capitulos de 'Gian Burrasca', uma novela-musical para a TV Italiana mais viagens aos EUA, Europa e América Latina. 

A RCA Victor aproveitou a volta da rockeira para lançar o LP 'Ritorna', uma colcha-de-retalhos não muito bem costurada. The Clevers já tinha mudado de nome; agora se chamavam Os Incríveis, e estavam na Argentina. Rita já não era mais novidade, nem seus discos estavam mais no topo da parada de sucesso. Mesmo assim, Rita conseguiu lotar todas as sessões que cantou. Mas o entusiasmo já não era o mesmo.

Teddy Reno insistiu em apresentar a tarantella 'Viva la pappa col pomodoro' como se fosse um 'novo' 'Datemi un martello', mas não conseguiu o intento. Ninguem conhecia a música, muito repetitiva, que fora o tema-principal da novela 'Gian Burrasca', que óbviamente não tinha passado aqui. 

Rita cantou no Teatro Record acompanhada apenas da orquestra do teatro. Faltou a presença de um conjunto de rock, e as apresentações foram apenas regulares. Nem Stelvio Cipriani, seu pianista de 1964, estava mais, pois ele já estava sendo mais conhecido na Itália como compositor de trilhas-sonoras.  

A impressão que se tinha em 1965, era que as coisas estavam mudando muito depressa. Os fãs dos Beatles já eram muitos. Elis Regina estava despontando e 'O Fino da Bossa' teria sua primeira apresentação na semana seguinte da partida de Rita. O programa 'Jovem Guarda' estrearia em Agosto, além do sucesso fenomenal de Trini Lopez com 'Michael' e principalmente 'Perfidia' e 'The Latin Album'. The times they were really a-changing.


26 Abril 1965 - 2ª feira

Rita Pavone, chega a São Paulo, vinda de Buenos Aires. Ainda no aeroporto de Viracopos, Rita é entrevistada pelo jornalista Ferreira Netto - da TV Record - e canta trechos de "Lui", "Occhi miei", "Viva la pappa col pomodoro" e "Sei la mia mamma".

27 Abril 1965 - 3ª feira

Rita faz sua primeira apresentação, às 20:00, no Teatro Record, acompanhada pela orquesta do teatro e canta: Just once more / Che m'importa del mondo / Sul cucuzzolo / La partita di pallone / Sei la mia mamma / Lui / Viva la pappa col pomodoro / Datemi un martello / Occhi miei / Cuore.

28 Abril 1965 - 4ª feira - Rita in concert às 20:00 e 22:00, no Teatro Record.

29 Abril 1965 - 5ª feira - Rita in concert às 20:00 e 22:00, no Teatro Record.

30 Abril 1965 - 6ª feira - Rita in concert às 20:00 e 22:00, no Teatro Record.

1º de Maio 1965 - sábado - Rita in concert às 17:00 e 21:00, no Teatro Record.

2 Maio 1965 - domingo - Rita e comitiva voam ao Rio de Janeiro e hospedam-se no Copacabana Palace Hotel.

3 Maio 1965 - 2ª feira - Rita faz uma única apresentação, às 20:00, na TV-Rio, apresentada pelo maestro João Roberto Kelly e acompanhada pela orquestra de Severino Araújo.

4 Maio 1965 - 3ª feira - Rita, sua mãe e Teddy Reno voam Alitalia em direção à Roma.   


 Rita chega ao Aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro no domingo, 2 de Maio de 1965, protegida pela Policia Militar carioca.

A impressão que se tem é que Rita Pavone fêz mais sucesso no Rio de Janeiro em 1965, do que em São Paulo. Na única apresentação de Rita no auditório da TV Rio, ela cantou diante de um painel feito de fotos gigantes dela mesma em apresentações feitas em 1964.
Rita in Rio in 1965.

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